Centro de Pesquisas

Foto da Professora Carolina Magalhães.
Nossa coordenadora
Carolina Magalhães dos Santos
A sociedade de hoje, diferentemente das precedentes, não se apoia sobre um setor único, centralizado, mas sobre uma pequena rede de setores e fatores no mesmo nível de importância (a informação, a ciência, os serviços, a própria indústria). Na sociedade pós-industrial a nova divisão internacional do saber, poder e trabalho determina novas equações entre diferentes países, de modo que alguns produzam as inovações e outros as experimentem. Os primeiros adquirem a consciência do próprio poder e os segundos observam sua condição subalterna e vêem nela motivo de desalento (De Masi, 2003).
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Currículo da coordenadora

É Doutora em Ciências/FIOCRUZ. Mestre em Ciências/FIOCRUZ. Graduada em Ciências Biológicas pela USU.

Daniel Bell (1977) aponta quatro princípios fundamentais vigentes na sociedade pós-industrial: a preponderância dos técnicos e profissionais liberais como classe; a centralização do saber teórico, gerador da inovação e das idéias diretrizes em que se inspira a coletividade; a gestão do desenvolvimento técnico e o controle normativo da tecnologia e a criação de uma nova tecnologia industrial.

Para o professor de Harvard, esse novo tipo de sociedade não depende do regime político de um país, mas do seu nível tecnológico, do papel da ciência e do mercado de trabalho.

Uma vez que a ciência abriu novos campos e inventou novos produtos, uma vez que os grupos dirigentes decidiram traduzir as invenções em bens e serviços, a população finalmente pode adquirir e desfrutar dos produtos previamente divulgados pelo marketing. Para Domenico de Masi (2003) o longo processo produtivo requer quatro etapas:

– Primeira fase (invenção): numa infinidade de lugares e laboratórios são produzidas idéias, descobertas e invenções. Através de congressos e publicações os diferentes centros produtores de novas luzes, tomam conhecimento dos mais diferentes achados. Mas os produtores de idéias não estão em condições de decidir o uso das suas invenções.
– Segunda fase (decisão): para os detentores do poder tomarem a decisão do que será produzido, dependem por sua vez daqueles que detêm o saber. Enquanto na sociedade industrial a força de uma classe dependia da posse dos meios de produção (matérias- primas, capitais e fábricas) na sociedade pós-industrial a força depende da posse dos meios de idealização e de informação. Cresce o valor das universidades, laboratórios e patentes.
– Terceira fase (produção): uma vez tomada a decisão de traduzir a nova ideia em milhões de cópias concretas, passa-se à produção propriamente dita, que pode acontecer num lugar totalmente diferente de onde a idéia foi concebida.
– Quarta fase (consumo): quando o produto finalmente fica pronto, é distribuído, vendido e consumido por massas de usuários, que deste modo são “colonizados”.

Desenha-se assim uma nova divisão internacional de trabalho, pela qual algumas áreas mantêm o monopólio da pesquisa científica e do poder político, outras produzem e outras limitam-se ao simples consumo. No âmbito da comunidade multinacional, existem países que detêm a primazia da pesquisa, outros que não têm propriedade da patente mas têm os meios de produção e outros ainda que são forçados ao papel de consumidores dos produtos e das idéias alheias. Vai-se afirmando uma drástica hierarquia entre os países e os grupos hegemônicos, que monopolizam as atividades criadoras científicas e artísticas: os países emergentes que executam atividades produtivas e executivas e os países subdesenvolvidos, condenados ao simples consumo passivo, pago com matérias-primas, subordinação militar e trabalhos servis (3).

Pode-se ainda citar algumas transformações acontecidas na sociedade pós-industrial:

– à medida que as máquinas absorvem o trabalho repetitivo de mera execução (seja ele físico ou intelectual), aos trabalhadores resta o monopólio do trabalho criativo, que empenha mais cérebro do que músculos (De Masi, 2000);
–  lamentavelmente, a evolução social é bem mais lenta do que a científica e tecnológica, pelo que demora a colocar em ação os mecanismos de redistribuição das tarefas, de modo que todos possam trabalhar e trabalhar menos;
–  na esfera do trabalho organizado, as transformações em curso determinam a rápida eliminação da fadiga física, a drástica redução do horário de trabalho, o maciço deslocamento da atenção do lugar e do tempo da produção material para lugares e tempos da introspecção, do convívio, do jogo e da amizade; do que Agnes Heller (1975) chamou de necessidades “radicais” em contraposição às necessidades “alienadas” do poder, da posse e do dinheiro.
–  difunde-se cada vez mais a exigência de uma organização na qual reine a máxima difusão das informações e a possibilidade de intercâmbio de tarefas. A especialização será válida na medida em que permita o trabalho interdisciplinar.

É para o enfrentamento desta nova sociedade, que o Centro de Pesquisas do ISECENSA contribui, incentivando vários projetos de pesquisa em diferentes áreas do conhecimento.

Objetivos do Centro de Pesquisa
  • Incentivar o desenvolvimento da ciência em todos os ramos do conhecimento, buscando constantemente explicações e soluções, reavaliando os resultados já obtidos, tendo a consciência clara da falibilidade e dos limites do conhecimento novo que emergiu da pesquisa;
  • Estimular o pesquisador a aproximar-se cada vez mais da verdade através de métodos que proporcionem um controle, uma sistematização, uma revisão e uma segurança maior do que possuem outras formas de saber não-científicas;
  • Desenvolver o espírito científico que é, antes de mais nada, uma atitude ou disposição subjetiva do pesquisador que busca soluções sérias, com métodos adequados, para o problema que enfrenta;
  • Criar condições para a crítica, objetiva e racional dos resultados da pesquisa apresentando-os na Revista Perspectivas online, órgão de divulgação do Centro de Pesquisa.